É lugar comum na abordagem da obra machadiana que a literatura produzida pelo Bruxo do Cosme Velho construiu um memorial do século XIX brasileiro. Grande parte dos estudos dessa vertente contemplam fatos históricos e sociais isolados, valendo-se do romance meramente como documento, desprezando as especificidades do fenômeno literário. Enveredando pelo tortuoso caminho da interdisciplinaridade, este livro, recorrendo à Teoria Literária e às demais Ciências Humanas, se propõe a analisar como o defunto autor, Brás Cubas, atualiza por meio do seu discurso, não apenas temas consagrados por tais estudos como a escravidão, a sociedade patriarcal, a condição da mulher , mas também a educação, o limite entre o público e o privado, os surtos epidêmicos e os rituais fúnebres do Brasil Império.