Estabelecimento de uma discussão acerca das referencias metateatrais na Ândria, primeira comédia de Terêncio, da qual também é oferecida uma tradução em língua portuguesa. Ao contrário do que se supunha sobre seu suposto afastamento das técnicas empregadas pelos grandes autores do gênero, Terêncio se mostra autoconsciente de sua posição em uma tradição literária estabilizada, aceitando o desafio de se colocar na mesma posição renomada que Névio, Plauto e Ênio com a intenção de criar uma comédia que não só não careceria de referencias metateatrais, mas que, ao contrário, daria continuidade ao metateatro plautino. Na Ândria de Terêncio, o vocabulário do engano, aceno para uma cena metateatral, alerta-nos para as peças dentro da comédia presentes ou vindouras e para o conhecimento que um personagem tem sobre as convenções cômicas. Plauto amiúde apresenta personagens que se reconhecem como figuras teatrais em cena, mas, quando o velho Simão exibe seu conhecimento do personagem-tipo na peça Ândria, podemos ver que ele "falha" ao enxergar enganos onde não há, interpretando a verdade como uma ficção, e ao não reconhecer que ele próprio pertence ao acervo de personagens da palliata.
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