Este trabalho nasceu da preocupação com o aumento de desaparecimentos e actos violentos contra menores na cidade de Quito. No decurso da investigação, esta foi-se entrelaçando com a existência de um grande número de corpos neonatais e fetais acumulados nas arcas congeladoras do Serviço de Medicina Legal, que ao longo dos anos foram sendo esquecidos. O objetivo de investigar estes indivíduos sem identidade ou existência real é dado pela necessidade de aprofundar estes fenómenos que constituem os espaços de desconforto social aos quais as pessoas preferem virar as costas, como a morte, a perda e o abandono, que são perturbados ao longo do estudo de caso aqui analisado, mostrando um simbolismo diferente em torno da imagem da morte já estabelecida. Da mesma forma, esta pesquisa se estrutura entre os debates pró-vida e pró-aborto, como uma brecha para considerar outros aspectos, tanto sociais quanto rituais, que têm sido deixados de lado quando se discutem essas questões.