O presente estudo é uma análise da iconografia encontrada nas mísulas da igreja de Kilpeck, construída no século XII e cujas mísulas não foram alteradas até os dias atuais, embora 13 tenham se perdido. Através da análise de suas 80 mísulas restantes evidenciou-se um forte hibridismo iconográfico entre a cultura cristã e a cultura celta que outrora fora a cultura vigente local. Outro foco importante no trabalho é ressaltar que a disposição dos elementos decorativos do prédio religioso na Idade Média não é tão simples como posto pela historiografia tradicional que define que os elementos são distribuídos conforme sua localização no interior ou exterior da igreja, ou seja, que os elementos internos pertencem a um simbolismo sagrado representado através de imagens consideradas positivas e os externos a um simbolismo profano representado através de imagens dadas como negativas. Em Kilpeck esta afirmação entre os polos sagrado/interior e profano/exterior podem ser postos em dúvida quando analisamos as mísulas de forma mais atenta e utilizando o conjunto completo das mísulas e não apenas imagens selecionadas e retiradas de seu contexto.