Como mulheres idosas camponesas, geralmente com pouca ou nenhuma escolaridade, lidam com textos escritos? A comunicação dentro dos movimentos sociais através de panfletos, cartilhas e cadernos funciona e consegue alcançar este grupo específico? Este é a pergunta central que o presente livro pretende explorar. Para encontrar respostas, a pesquisa de Elisiane de Fátima Jahn analisa as cartilhas que estão sendo usadas no Movimento de Mulheres Camponesas (MMC) e realiza entrevistas com mulheres vinculadas ao MMC. Os resultados desta pesquisa qualitativa demonstram que as relações das mulheres camponesas com as cartilhas são complexas e não dependem exclusivamente do letramento, mas muito mais do interesse e do engajamento das próprias mulheres. Elas desenvolvem formas criativas de lidar com restrições da escolaridade para acessar as informações que elas consideram relevantes, e no seu contexto, as cartilhas ganham um valor simbólico, muito além da transmissão de simples informações. O interessante e relevante estudo mostra como o processo de leitura, bem na perspectiva de Paulo Freire, é inserido em um processo social amplo de leitura do mundo em que estas mulheres vivem. Johannes Doll