O presente estudo analisa a relação entre as conquistas no campo das nanotecnologias e o processo de mercantilização da vida humana. Chamamos de "mercantilização da vida humana" a disponibilização comercial dos constituintes fundamentais do corpo humano, isto é, os genes, hormônios, órgãos, tecidos e fluidos corporais. Esse processo está historicamente associado à implementação de medidas eugênicas pelos Estados nacionais do fim do século XIX a meados do século XX e ao surgimento de uma eugenia de mercado, com a redução do papel dos Estados nacionais nos processos decisórios macroeconômicos, na segunda metade do século XX. Apontado como irreversível por seus defensores, o processo de mercantilização das inovações tecnocientíficas, do qual faz parte a mercantilização da vida humana, através da apropriação econômica de avanços nas nanotecnologias, é limitado tanto por regulações estatais que respondem a demandas de setores da sociedade civil quanto pela rejeição dos consumidores, espontânea ou organizada, que pode tornar inviável a produção e/ou distribuição da mercadoria desenvolvida a partir dessas inovações tecnocientíficas.
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