Neste estudo, investigam-se aspectos da literariedade e as marcas enunciativas da vivência e do testemunho em dois textos da literatura brasileira contemporânea, cujo conteúdo narrativo é a experiência alheia e pessoal no universo carcerário. As discussões empreendidas neste trabalho têm como base quatro principais eixos que norteiam algumas questões concernentes à memória, responsável pelo processo de escritura de Luiz Alberto Mendes e de Drauzio Varella; à escrita confessional, gênero eleito pelos dois escritores para recomporem suas lembranças; aos processos ficcionais, tão caros a ambos os autores na composição de suas memórias; e à linguagem, por meio da qual se procede à busca das pistas discursivas que diferenciam a vivência do testemunho e revelam os aspectos da literariedade nas narrativas engendradas pelos escritores referidos. A partir destes eixos, busca-se reconhecer a inserção do sujeito na linguagem nas obras Memórias de um sobrevivente (2001), de Luiz Alberto Mendes e Estação Carandiru (1999), de Drauzio Varella, a fim de explorar as marcas enunciativas que identificam e diferenciam a experiência pessoal do testemunho.