Este livro sustenta que o teólogo cristão do início do século VI Pseudo Dionísio Areopagita exerce profunda influência no pensamento do teólogo e filósofo medieval Tomás de Aquino (1225-1274). Essa influência se dá principalmente em dois temas fundamentais da filosofia tomasiana: negatividade e participação. Negatividade diz respeito ao caráter de mistério que envolve as essências mais íntimas dos seres - incluindo a natureza, o homem e o princípio de todas as coisas, Deus -, que, portanto, não são plenamente compreensíveis para o entendimento humano. Participação se refere ao fato de que, por outro lado, o mundo participa do ser de Deus e, por isso, revela traços do divino, ainda que de modo deficiente e remoto. Dada essa influência de Dionísio, Tomás de Aquino não pode ser considerado um pensador racionalista, com respostas definitivas para todos os problemas da existência, como costuma ser visto por epígonos - o que constitui uma deturpação do pensamento tomasiano. Para Tomás,não é possível aos homens ter clareza absoluta sobre qualquer assunto, daí a necessidade de eles se conduzirem segundo a clássica doutrina cristã da prudência - a virtude de agir corretamente.