Nesse livro, tentei mostrar a diversidade de agentes envolvidos no trabalho com o lixo a partir de pesquisa etnográfica realizada entre os trabalhadores com o lixo da cidade de Santa Maria, RS, Brasil. Evidenciei o processo de negociação de identidade elaborado por estas pessoas em um contexto em que o exercício do trabalho com o lixo por um lado as estigmatiza, mas, por outro, é a defesa usado por cada trabalhador contra as acusações de serem "ladrões" ou "vagabundos". Algumas das pessoas que deram cor a essa etnografia já não vivem mais. Outras a vida itinerante as levou para diferentes lugares e perdi o contato. No entanto, suas trajetórias se repetem em cada rosto sofrido e queimado do sol de tantos que catam lixo nas ruas das cidades brasileiras. Trabalho e lixo são o que identificam estes homens e mulheres, que criam arte e utilidades onde ninguém mais o faria, que sustentam a si e suas famílias, que tem seu cotidiano marcado por longas horas exercendo uma atividade invisível aos olhos de boa parte da população, que reciclam e que são excluídos de muitos contextos sociais.