O início do século XX encontraria a literatura brasileira numa fase de fecundas transições, na qual diversas correntes literárias, dentre elas o Simbolismo, conviviam juntas oscilando entre a tradição e a renovação. A obra da poetisa carioca Gilka Machado (1893-1980) surgiria em meio a essas transformações e provocaria escândalo de público e de crítica. Seus primeiros livros revolucionaram a poesia de autoria feminina no Brasil. Versos plenos de um erotismo ao mesmo tempo sensual e transcendente que chocaram a época por transgredirem o papel social convencionado à mulher enquanto escritora. Tal transgressão relegou-a a uma condição de marginalidade e ao ostracismo. Visando provocar o reinteresse pela obra de uma escritora que já foi aclamada como uma das maiores em nossa literatura, esta pesquisa analisa o Simbolismo em sua obra, que se singulariza através do erotismo de seus versos, demonstrando a sua originalidade e o pioneirismo com que aborda certas questões até então consideradas tabus.