A crise entre Brasil e Bolívia desencadeada pela nacionalização do gás é representativa do papel da política doméstica nos temas das relações internacionais. Neste estudo, o autor adota uma análise de escolha racional a partir de um modelo que parte do ambiente econômico para identificar interesses econômicos e sociais, como eles se materializam nas preferências políticas de atores sociais e econômicos, que influenciam a política doméstica e a atuação internacional do estado nacional. Por isso, a interação e a barganha entre Brasil e Bolívia no contexto da crise de 2006 foi analisada a partir da influência de atores como o movimento indígena-camponês boliviano, que acumulou forças ao longo dos anos e pôde impor sua agenda de nacionalização dos recursos naturais, a indústria de petróleo e gás, liderada pela Petrobras, e o empresariado industrial brasileiro, consumidor de 50% da oferta de gás natural brasileira. Estes atores influenciaram seus governos, que atuaram racionalmente para defender os interesses de seus países, considerados neste estudo como os interesses dos atores sociais e econômicos com maior força política.