Nesse trabalho, procura-se responder à pergunta posta por Boaventura de Sousa Santos sobre a possibilidade de valorizar o potencial emancipador das subjetividades rebeldes, visando a superação da concepção abstrata de sujeito das ciências empíricas. Para tanto, pretende-se mostrar o valor epistemológico crítico do conceito de sujeito em Franz Hinkelammert, bem como sua aplicabilidade no estudo das ciências da religião. De fato, compreensível à luz do método dialético transcendental descoberto por Marx e desenvolvido por Hinkelammert, o conceito de sujeito adotado como critério científico de análise e discernimento, leva à descoberta e crítica das dinâmicas relacionais inconscientes que regem as sociedades entregues à inércia de suas estruturas,as quais exigem sacrifícios humanos. Trata-se dum conceito que implica numa teologia subjetiva - na qual, Deus se faz presente como cúmplice da resistência das vítimas contra os dominadores -, bem como dum critério não religioso que desemboca numa ética autônoma, voltada para uma práxis religiosa humanizadora.