O corpo está obsoleto. Os dias da Humanidade estão contados. Não tardará que o homem incorpore os elementos artificiais das suas máquinas, fundindo-se com elas. Dentro em breve, talvez muito mais proximamente do que poderíamos supor, homem e máquinas tenderão a assumir um só corpo. Em que termos tal se processará? Não sabemos. Na verdade, ninguém ainda o pode afiançar com certeza. As máquinas poderão, num futuro não muito distante, diminuir de tamanho, a tal ponto que, inevitavelmente, saltarão para o nosso interior. Paradoxalmente, porém, o percurso poderá ser diametralmente o oposto, isto é, os homens legarem aos abutres a sua carne, frágil, limitada, finita, enfim, obsoleta, e saltarem, eles próprios (melhor dito, o seu cérebro, ou, numa perspectiva bem mais radical, a informação nele contida), para dentro das máquinas. O tema do corpo e respectivo funcionamento desde sempre fascinou o Homem. Mais recentemente, a Humanidade tem-se empenhado no triplo problema da duplicação do corpo e da inteligência, e da vitória sobre a mortalidade. A visão sobre o corpo, desde os antípodas até à atualidade, é o itinerário proposto nesta obra.