O Evangelho de Filipe é um dos manuscritos da Biblioteca de Nag Hammadi, descoberta em 1945 no sul do Egito, na região de Chenoboskion. Esse documento é datado do séc.II d.C., e é representativo do grupo ¿cristão gnósticö valentiniano. O Evangelho de Filipe não é similar aos evangelhos canônicos; não relata cenas da vida de Jesus, mas possui, de modo geral, um caráter catequético. Ele é importante não só por ser uma fonte primária do valentinianismo, mas também porque nos revela um pouco sobre a ritualística e os sacramentos gnósticos, assunto relativamente pouco conhecido até mesmo no conjunto das fontes que tratam do gnosticismo. Muitos pesquisadores vêm observando que os ritos de iniciação descritos no Evangelho de Filipe são muito similares à ritualística do cristianismo proto-ortodoxo, o que nos mostra que as fronteiras entre os vários grupos cristãos eram muito tênues. Tais grupos, como os valentinianos, eram chamados de ¿hereges¿ pelos heresiólogos, que na verdade o faziam numa tentativa não só de desclassificá-los, mas também de afirmar sua própria identidade.