Os concertos públicos consolidados durante o século XIX permaneceram com o mesmo formato, o que suscitou a cristalização da relação intérprete-público até a atualidade. Com a autonomia adquirida pelo compositor, sua função se separou das figuras do intérprete e do público, o que estabeleceu uma nova configuração no âmbito musical da época. Contudo, apesar da herança da tradição oitocentista, no século XX, o pianista canadense Glenn Gould apontou novos aspectos no desdobramento dessa relação. Seu vínculo intenso com o estúdio de gravação, o rádio e a televisão, propôs um posicionamento diferente em respeito à figura do intérprete na relação com sua própria arte e com o público. Esta pesquisa tem como foco a abordagem destes novos delineamentos propostos por Gould, com o intuito de repensar a prática artística do pianista contemporâneo.