Ao sair do seu país de origem e casar com um homem na Suiça, uma mulher de um país em desenvolvimento espera o quê? E, ainda mais, o que é que esse homem suíço, com quem ela casou, espera dela? O que é buscado numa conjugalidade e afetividade onde têm que vencer distâncias? Se as mulheres costumam ser percebidas como ganhando um melhor status socioeconômico, os homens não são percebidos da mesma maneira. Ouvindo os relatos destes homens, compreende-se a dificuldade de encontrar suíças que prezam laços familiares coesos. Estes homens buscam um elusivo mundo de solidariedade tradicional? Eles esperam que as suas esposas expressem afetividade com mais carinho, e que também elas se dediquem aos cuidados da casa e dele, seu marido? Ouvindo os relatos das mulheres, pergunta-se: De fato, elas migraram para ganhar uma nova autonomia? Ou foi para se dedicar, de uma maneira confinada, à construção de um lar que pode não ser o que elas imaginavam? Não há respostas fáceis, e este estudo desvela a complexidade das noções de masculinidade e de feminilidade que entram em jogo durante uma convivência cotidiana intercultural na Europa. RUSSELL PARRY SCOTT - UFPE/FAGES