A prática médica passa por um momento de crise. Apesar de todo avanço tecnológico em saúde, há muita insatisfação quando precisa-se de atenção em qualquer serviço de saúde. O objetivo desse texto é descrever e analisar o processo de trabalho ou o modo de inserção do médico no processo produtivo em saúde. O tema se justifica pelo entendimento de que esse modo de trabalhar possa ser um problema e ao mesmo tempo uma chave que possibilite a implantação de modelos de assistência eticamente e politicamente comprometidos com a vida dos usuários dos sistemas públicos de saúde. A descrição do problema começa pela construção do arquétipo médico e seus condicionantes históricos e sócio-culturais; toma como exemplo o processo de trabalho dos médicos em unidades básicas de saúde em Belo Horizonte construído através de entrevistas e observação participante e aponta algumas possibilidades de intervenção através da introdução de novos conceitos e tecnologias capazes de transformar o trabalho desses profissionais de modo a garantir a formação de vínculos e de maior gradiente de responsabilização pelo cuidado e pela vida dos usuários que procuram os serviços públicos de saúde.