É realmente incrível que um adulto, além de assistir ao nascimento de outro ser humano através dele, possa torná-lo apto, através da fala, a expressar seus sentimentos e seus desejos mais primordiais. Esse pequeno milagre acontece todos os dias em todas as partes do mundo, sem distinção de cor, credo ou condição econômica, num acontecimento natural, rotineiro, cuja dimensão, muitas vezes, nos passa despercebida. À mãe não cabe nem o papel de protagonista tampouco de coadjuvante no desenvolvimento da comunicação de seu bebê. Ela está tão identificada com seu filho que sabe exatamente o que ele precisa, sem perder, contudo sua identidade. Dessa forma, há uma comunicação silenciosa, de profunda confiabilidade, que protege o bebê das intrusões externas e serve de ambiente confortável para ele. É um convite para reflexão; fruto de uma inquietude sobre linguagem e na linguagem mesmo. Sobre mãe, por uma mãe.