Este estudo apresenta o papel da música na umbanda no momento da incorporação, ponto culminante deste ritual, e também o papel da música na vida humana. O trabalho investiga a natureza da música e a relação desta com o ser humano nos níveis social, individual e neurológico, revê a relação entre música e transe a partir das propostas de diversos autores da etnomusicologia e da musicoterapia. O texto apresenta o histórico da umbanda e da linhagem de terreiro do qual o autor participa, da atividade corpórea envolvida com a música, e situa a experiência do autor na incorporação. A música utilizada na umbanda é apresentada por meio de partituras e comentada quanto ao seu caráter musical e de suas letras. O autor mostra que a música atua conjuntamente com o contexto do grupo social e da intenção do adepto para contribuir com o processo de incorporação. A música distende as forças que organizam as identidades do sujeito e o predispõe corporal e subjetivamente à mobilidade ao se envolvercom a música. O trabalho de incorporação se dá pelo deslizamento desde a identidade habitual a outra identidade, construída no rito, que permite se manifestem, segundo a doutrina, entidades espirituais.