A modernidade expulsou a moral do campo literário. Isto é evidente. Para isso, os críticos tiveram de escolher textos literários que demonstrassem a validade da sua hipótese. Mas a lógica da confirmação não é a lógica da refutação. Por isso, não é de admirar que esta exclusão se tenha tornado ineficaz com o tempo. Quisemos afugentar a moral, e agora ela está de volta a todo o vapor, nem que seja sob a forma de "lição moral da história". Pode a literatura ter como objectivo mostrar uma conduta diferente da exigida na vida pública? Em caso afirmativo, isso significa que a literatura é a resposta explícita e/ou implícita a uma questão pública ou política. A resposta em questão, não sendo da ordem do conformismo, desviar-se-ia da doxa crítica, abalaria as normas e regras existentes ou simplesmente proporia novos caminhos, abrindo perspectivas ainda não mencionadas. É isto que este estudo tenta explorar a partir de uma abordagem "biocultural".