"Como em muitos destes encontros não me chegava a convencer de que eram reais, não tinha a certeza se os havia imaginado, ou antes escrito, pelo menos na minha mente, ou se tinham acontecido de verdade. Sentia-me esquizofrénico e como num desses filmes em que de repente o personagem principal se encontra numa instituição de saúde mental onde lhe explicam pouco a pouco que tudo o que viveu durante os últimos anos, ou em toda a sua vida, não foi mais que fruto da sua mente. Mas então não estarão todos os escritos loucos? Não inventam por acaso a cada dia as suas próprias vidas? Não as estão imaginando a cada minuto?" Neste romance curto acompanhamos o vaguear de um escritor que, entre as ruas da cidade de Irxal, os cafés de sempre, a casa da família de sempre e o hospital psiquiátrico onde está internado um escritor amigo, se deixa perder no limbo instável entre o real e da ficção. No todo "de sempre", a cada esquina uma surpresa. A literatura e a realidade fundem-se, personagens ganham corpo e escritores perdem-se na dúvida da sua própria existência. E nós, leitores, podemos estar seguros do limite entre o real e a ficção? Ou vivemos todos num limbo delicado, também nós com um pé entre o real e o imaginado?
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