Literatura e religião já dialogam há muito tempo, e no contexto do Cristianismo, mas especificamente, diversos autores já detiveram seu olhar sobre seu ícone principal: Jesus Cristo, na perspectiva da fé, ou o histórico Jesus de Nazaré. E sob a licença poética da arte literária, o mesmo fizeram o mineiro Fernando Sabino, em seu "Pela Graça de Deus", o maranhense Josué Montello, em "Aleluia" e o baiano Armando Avena (único autor ainda vivo), com seu "Evangelho segundo Maria", cada um apresentando essa personagem tão emblemática a seu modo. Sabino escolheu nos mostrar um Jesus alegre, bem humorado, na contramão da austera tradição religiosa. Montello, por sua vez, elege um pseudo discípulo para retratar o dilema da fé, perdida e depois recuperada. Por fim, Avena nos oferece um viés mais contemporâneo, colocando na boca das duas Marias da vida de Jesus - a mãe e a companheira - sua história, sob a perspectiva feminina. A originalidade e sensibilidade dessas três versões literárias sobre uma mesma história, fulcro da cultura ocidental, só faz ganhar e constantemente reatualizar seu objeto: Jesus.