Neste livro estudamos a violência contemporânea, colocando em foco o sofrimento do sujeito espectador da violência. Dizemos que um sujeito é espectador da violência quando ele não é nem a vítima e nem o agressor em episódios desta natureza. Em nosso argumento, afirmamos ser suficiente, em termos de consequências psíquicas indesejáveis, que o sujeito se encontre na condição de espectador da violência. O aspecto decisivo é que, mesmo este sujeito, afastado da violência em seu sentido mais direto, padece dos efeitos de terror da violência contemporânea. A necessidade de um sentido político da experiência, sentido este cada vez mais distante, está relacionado com a deflagração da violência trágica. A violência trágica é aquela capaz de suscitar terror e piedade nas pessoas. Trazemos, a partir desta análise, uma discussão sobre as implicações psíquicas desta violência atual, na qual o aspecto de terror predomina, em suas relações com o recente estado de apatia vigente. Esta apatia incide sobre a participação política de um sujeito que age, ou deixa de agir quando em presença de uma violência na cidade.