O Uróboro é um símbolo mitológico de uma serpente, ou dragão, que devora a própria cauda formando um círculo. O significado é atribuído a renovação, a ressureição, ao eterno retorno, enfim à uma capacidade de se reinventar. Mais de vinte anos se passaram desde um levante armado nas florestas do sul do México começou a reinventar a luta armada na América Latina do pós-Guerra Fria. O Exército Zapatista de Libertação Nacional é uma guerrilha de origem indígena, com fortes raízes no mundo Maia. Sua luta pela manutenção do status comunal das terras indígenas mexicanas (Artigo 27 da Constituição de 1910) foi a ponta de lança para a preservação cultural e para a crítica as consequências do neoliberalismo sobre o ¿modus viventi¿ daquelas sociedades. Mas, longe de ser um movimento tradicionalista, o movimento zapatista soube se adaptar e se reinventar à sobra do contexto do final do século XX. Como o movimento zapatista usou a internet como arma? Como palavras e fuzis se mesclaram? Como personagens de ficção explicaram ao mundo as pressões reais que as comunidades sofriam? Essas são algumas perguntas que este texto tenta responder.