A crise da SIDA em África privou milhões de crianças e jovens dos cuidados e do apoio dos pais. A perda dos pais, o facto de se ser extremamente pobre e estigmatizado é descrito como uma situação de crise em que as exigências situacionais e sociais ultrapassam a capacidade existente da criança para agir, reagir e lidar com a situação. As crianças e os jovens órfãos e as crianças que vivem com pais ou avós idosos infectados com o VIH assumem cada vez mais papéis que antes eram tradicionalmente do domínio dos adultos. Assim, os novos papéis ocupados pelas crianças e pelos jovens desafiam um contexto cultural africano em que se espera que as crianças sejam, na sua maioria, obedientes e submissas, mas que, de repente, se vêem a assumir papéis para os quais não estão preparadas e que não são culturalmente legitimados. Ao criarem respostas organizacionais e colectivas às suas necessidades comuns e a esta nova situação, as crianças e os jovens não só começam a dar resposta a essas necessidades, como também aprendem outras competências cruciais para a vida, que incluem competências de comunicação, de negociação, administrativas, etc. A mobilização de crianças e jovens para a sua própria organização liderada por crianças é uma fonte eficiente e eficaz desse apoio.