A gestão do crescimento urbano extensivo foi, historicamente, objeto de inúmeras intervenções governamentais que se traduziram em instrumentos de política urbana. Em certos casos, estes instrumentos assumiram a forma de delimitadores físicos, reforçando ou criando diferenciações internas e externas à cidade. Ao longo dos anos 2000, na cidade do Rio de Janeiro, a noção de ecolimites foi convocada em diversos momentos como um instrumento para a gestão do crescimento urbano interno à cidade. Tratava-se de delimitadores físicos que deveriam estar situados no contato entre favelas e áreas de preservação ambiental. De um ponto de vista geográfico interessa investigar como são produzidos, material e simbolicamente, estes limites e quais são as categorias espaciais mobilizadas nas políticas de contenção do crescimento urbano e como se constroem suas interfaces. Analisada como um processo, a política dos ecolimites mobiliza variadas categorias espaciais segundo os diferentes agentes, documentos e momentos aqui considerados e se constitui como um dispositivo de fazer e desfazer interfaces.