"O paradigma da ciência moderna tem reinterpretado a história da ciência e a história dos considerados primeiros cientistas modernos com as preconcepções da modernidade, como que almejando dar à ciência moderna um telos histórico e um desenvolvimento lógico, só que agora materialista, progressista e antiespiritualista, mas condizente com a ideia de que a humanidade moderna está evoluída em relação ao mundo pré-moderno. Certamente Bacon não deve ser entendido dentro desse telos [...] Para ele, o futuro estava aberto, o mundo pré-moderno ainda se fazia real e a mística ainda estava enraizada na vida cotidiana [...] diferentemente dos cientistas que o sucederam, [Bacon] via na ciência uma missão sacerdotal, espiritual, e imaginava a habitação da ciência como um templo [...] O laboratório técnico-científico baconiano é também litúrgico-ritual".