Uma capital que brindasse a chegada da modernidade e do progresso ao Estado de Minas Gerais. Esse era o fito de parte da elite mineira no contexto de construção da primeira cidade planejada do Brasil. Esse projeto, porém, haveria de se debater com uma realidade de conflitos e descontinuidades. Entre imigrantes e migrantes pobres, médicos sanitaristas, engenheiros e policiais, a cidade tornou-se palco de uma trama de relações múltiplas de poder e propriedade, decisões políticas e segregação simbólica e espacial. Neste livro debruçamo-nos sobre a problemática construção da cidade de Belo Horizonte, bem como os primeiros anos de sua habitação, focando, em especial, a complicada trama de relações sociais que nela se estabelecem a partir do conflito de interesses e grupos sociais distintos. Estudamos o trabalho dos "profissionais da cidade", na expressão de Roncayolo, que, agindo a partir de novos pressupostos da ciência da época, vão se debater com a resistência de grupos desprivilegiados a quem a história reservaria umas vezes o silêncio outras a ribalta.