A doutrina clássica das transições políticas parte do princípio de que estas implicam uma sucessão democrática da opressão para a liberdade, da violação dos direitos humanos para o Estado de direito. Apresenta este fenómeno como começando com o processo de dissolução de um regime autoritário e conduzindo ao estabelecimento de um sistema democrático de governação. Em África, nos anos 90, este paradigma inspirou as políticas dos doadores através de programas de apoio à democratização, aos processos eleitorais, à imprensa e à sociedade civil, ao sistema judicial e até à reforma das forças armadas e da polícia. O otimismo desta era de condicionalidade proclítica rapidamente deu lugar ao desencanto, quando se tornou claro que "a maionese não estava a funcionar", pelo menos não em todo o lado. O prémio da democratização é substituído pelo prémio da boa gestão e, em muitos casos, até pelo prémio do status quo. É de notar que as transições políticas não conduzem necessariamente da ditadura à democracia e que a evolução não é necessariamente linear.