O tema do eu está intimamente integrado no acto e na arte de escrever e analisar, convidando a um enfoque multidisciplinar. Do mesmo modo, um estudo sobre os aspectos do eu é alargado dentro de várias disciplinas como historiografia, psicanálise, psicoterapia, narratologia, hermenêutica, literatura e escrita criativa, para citar algumas. O presente estudo explora o eu enigmático dentro da práxis da narração, e em geral centra-se na relação recíproca entre a escrita e a terapia. Doris Lessing faz experiências com padrões interaccionais e relacionais que actuam de forma semelhante à análise e modelação analista-analítica em psicoterapia. A sua personagem como autoescritor manipula as interacções intrapessoais entre os seus múltiplos eus. Da mesma forma, as suas personagens envolvem em diálogos e relações interpessoais auto-reflexivos que conduzem a um objectivo terapêutico. O trabalho também tenta resolver certas complexidades em Lessing: por exemplo, ela é marcada pelo seu interesse autobiográfico obsessivo, uma tentativa de desfocar factos e ficção, uma abordagem ambígua à memória, problematizando propositadamente a verdade e a realidade, apostando em modos de percepção não naturais, e ignorando distinções de género convencionais.