Dentre todos os ruídos da natureza, a voz humana sempre mereceu de minha parte uma atenção especial, especialmente a voz dos poetas rapsodos. Os inúmeros ¿Era uma vez¿ ou ¿contam os antigos¿ testemunham a sobrevivência de um todo orgânico capaz de seduzir e de transportar plateias para outras dimensões. Pitiús, café torrado, mata molhada, enxofre, madeira úmida, fumaça e fumo são alguns ingredientes fazendo parte das memórias olfativas dos contadores de ¿causos¿ e de assombrações das ilhas de Ananindeua. Esse mundo enigmático, complexo e, para alguns, ¿irracional¿, perpassa para o mundo estético, desafiando seus artífices a traduzir, pelas signagens, suas paisagens olfativas. Alargo o meu olhar para as minhas experiências com os historicamente "silenciados", atrelando meu fazer às topografias de vários níveis de abstração, inclusive ao terreno das ilhas de Ananindeua com cuidado, receios, paciência e, acima de tudo, sujeição às discussões, às explicações, aos questionamentos e às contestações fazendo parte de cosmologias abertas à decifração.