Cuidar da pessoa em fim de vida numa unidade de cuidados intensivos não têm apenas como finalidade, devolver a saúde ou pelo menos conservar a vida, mas o enfrentar a morte é outra das condições existentes. Em cuidados intensivos, a existência de uma filosofia predominantemente assente num modelo biomédico, sujeita muita das vezes os doentes a uma morte desumanizada, fria e solitária. Deste modo, a complexidade do processo de acompanhamento do doente em fim de vida, transcende a lógica e o racionalismo exigindo a quem cuida, o desenvolvimento de habilidades capazes de restituir à pessoa que experiencia a última etapa da vida um novo sentido de viver. Com o intuito de respeitar a dignidade humana da pessoa em fim de vida internada em cuidados intensivos, e de otimizar as práticas profissionais numa perspetiva ética, moral, legal e deontologicamente aconselhável, surgiu a necessidade desta reflexão. Este livro destina-se não só a profissionais de saúde como a todas as pessoas sem distinção, uma vez que refletir sobre a morte é um modo de a prospetivar e de não negar a única certeza de que todos partilhamos.