"Cerimônias do Esquecimento", a partir da busca do protagonista por saber a identidade do narrador que lhe conta uma história, apresenta um complexo procedimento composicional, que destitui o caráter referencial dos pronomes pessoais, o que dificulta a identificação de narradores e personagens. A essa dificuldade de identificação corresponde uma indiferenciação entre temporalidades e memórias, com as quais o protagonista se defronta, na busca pela recordação do próprio pai e, consequentemente, pela afirmação de si mesmo. A relação com o pai é abordada sob o ponto de vista da psicanálise freudiana, desdobrando-se numa reflexão a respeito da relação com a autoridade violenta e repressora, tema que se aplica, também, à experiência com governos autoritários, como foi o caso do contexto brasileiro em que viveu o autor. Como resultado, este trabalho propõe uma reflexão sobre o sentido da autoridade, adquirida por sabedoria, aspecto característico do narrador tradicional, segundo WalterBenjamin. Em última instância, visa levar à reflexão sobre o lugar da subjetividade na contemporaneidade.