As políticas sociais de caráter pluralista, em vigor no Brasil após a década de 1990, estabelecem as redes de apoio social como suportes privilegiados de provisão social ou então sugerem sua atuação nos mesmos termos nos quais operam o mercado e o Estado, utilizando como recurso a solidariedade. A racionalidade reticular (referente à ideia de rede), neste caso, pressupõe a proteção social considerando as benesses da sociedade civil, compreendida como sujeito histórico com interesses homogêneos e consensuais. Adota como questionamento: por que não resolver nossas dificuldades sociais apenas nos ajudando mutuamente? Contudo, a análise de fundamentos socioantropológicos atuantes nas redes de apoio social, como a dádiva, que estabelece o ciclo dar, receber, retribuir, revela que a fluidez das relações de sociabilidade humana primária ou face a face são insuficientes para solucionar problemas de ordem estrutural. Reconhecer a atuação das redes de apoio social e relacioná-la com o direito social à saúde constitui-se tarefa indispensável a todos os profissionais e interessados no fortalecimento de direitos sociais, sem os quais não é possível pensar em uma vida humana digna na atualidade.