Há muitos estudos acerca da monotongação discutidos a partir de modelos de fonologia tradicional e da Teoria da Variação. Esses estudos acabam por concentrar-se no aspecto social da variação e da mudança linguística, buscando correlatos entre o fenômeno linguístico e as peculiaridades sociais da comunidade investigada. Como lacuna, não consideram as operações mentais envolvidas no armazenamento e no acesso às palavras no léxico mental dos falantes. Nesse trabalho, busca-se, através da Fonologia de uso e da Teoria de Exemplares, cobrir essa lacuna. A opção por esses modelos teóricos se deve, basicamente, pela nossa crença de que os fenômenos fonéticos não são apenas simples variações que podem ser explicadas através de variáveis linguísticas e extralinguísticas, mas também parte inerente ao léxico e à constituição dos sistemas fonológicos. Abandonamos, portanto, a clássica divisão entre fonética e fonologia e passamos a adotar uma visão de inter-relação, em que a fonologia de uma língua envolve a distribuição probabilística de variáveis, resultantes dos efeitos de frequência dos itens lexicais armazenados na memória de longo prazo, com todos os seus detalhes fonéticos.