Este livro tem como eixo investigar possíveis relações entre a noção de silêncio (em análise do discurso e psicanálise) e a linguagem. Procuramos evidenciar que a relação com a linguagem é constituída não só pelas palavras, mas, também, pelo silêncio. Distintamente da compreensão do silêncio como um resíduo verbal, que possa ser capturado pela ambiguidade enunciativa ou pelo implícito, a proposta aqui é analisá-lo como operador na linguagem e, deste modo, promover uma relação sincrônica entre fala, escrita e silêncio. Evidenciamos, deste modo, o silêncio a partir de uma dupla operação: o calar (tacere,em latim) e o silenciar (silere). É a partir dessa dupla operação que podemos afirmar que o silêncio opera, ora corroborando a constituição e a consistência identitárias no sujeito, ora possibilitando a polissemia de sentidos presente na cena enunciativa, marca do sujeito do inconsciente. Para tanto, utilizamos três textos de Freud sobre o caso Signorelli. Deste modo, esperamos ter tornado possível a noção de equivocidade da língua como paradigmática para as ciências que se compõe pela linguagem habitada pelo sujeito.