A Cidade do Recife historicamente é definida pelos seus rios, pela ocupação das margens, pelos aterros e pela constante batalha com as águas por espaço. A cidade cresceu sobre terras conquistadas aos rios e os reflexos do crescimento desordenado e da falta de planejamento hoje se observa em seus principais problemas urbanos e ambientais. O sistema de drenagem nessa cidade anfíbia é o elo mais sensível aos impactos causados por mudanças nos processos ambientais pela ação antrópica. Neste trabalho utiliza-se a bacia hidrográfica do rio Tejipió como um retrato do processo que se deu em todo o Recife: ocupação das planícies aluviais por engenhos de cana de açúcar e a posterior e continua substituição das atividades rurais pelas urbanas; ocupação indiscriminada das margens por população de baixa renda e especulação imobiliária na planície seca dotada de melhor infraestrutura. A valorização diferenciada do solo urbano determina onde cada grupo social pode morar e, nesse contexto, as questões ambientais adquirem relevância pela exclusão social evidenciada na insalubridade das áreas ribeirinhas e na baixa qualidade de vida de quem vive às margens da sociedade recifense.
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