O sentido principal deste livro é investigar, referenciando-se no discurso crítico a uma epistemologia eurocêntrica, os processos históricos que repercutiram no desenvolvimento de uma tradição escrita nas culturas indígenas brasileiras contemporâneas. Esse livro procura discutir como a literatura indígena do autor guarani Olívio Jekupé pode ser experienciada como uma menoridade literária, em acordo com o pressuposto filosófico de Gilles Deleuze e Félix Guattari. A literatura indígena de Olívio Jekupé, entendida enquanto menoridade literária, se coloca enquanto deslocamento e movimento desterritorializante da própria configuração de discursos que homogeneízam os indígenas, a unidade linguística, o discurso histórico e as representações de mundo. Em sua alteridade radical, tomada como devir-animal, devir onça, o movimento indígena literário se coloca diverso de se apresentar como o espaço sedentário da literatura dita nacional brasileira. Ele é fuga e, diante da fuga se urge com uma arma que maquina agenciamentos de todas as ordens, com todas as outras feras selvagens, com todos as alteridades do mundo.
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