As reescritas brasileiras do clássico argentino de José Hernández projetam interessantes imagens do famoso personagem gauchesco Martín Fierro. São imagens que dialogam com as tradições de ambas as nações e que evidenciam um jogo de espelhamento perpassado por olhares ora de confraternização, ora de estranhamento. O estudo comparativo das tradições literárias de assunto gauchesco, de origens brasileira e argentina, demonstrou que a construção de identidades foi um fator decisivo na criação das diferentes imagens do protagonista, considerando que o gaúcho campeiro é o maior ícone da cultura sul-rio-grandense. A obra é, portanto, uma valiosa contribuição para a compreensão das relações que, através da tradução literária, estabelecem duas tradições tão próximas quanto distantes em suas autorrepresentações.