Reconhecer, validar e certificar as competências adquiridas pelos adultos ao longo da vida em contextos formais, informais e não formais é o princípio basilar dos processos de RVCC. Da sua frequência resulta a atribuição de um certificado que lhes confere o estatuto de sujeitos letrados, permitindo-lhes serem reconhecidos pela sociedade como tal. Com o objetivo de reconstituir o processo de construção das identidades letradas de sujeitos envolvidos no RVCC e de perceber as mudanças de práticas implicadas nessa reconstrução, o presente estudo toma como objeto as práticas de literacia de dois adultos, em três fases distintas das suas vidas: época escolar, após o abandono da escola e durante a participação no RVCC. Nesta investigação identificam-se, ainda, os valores, crenças, atitudes e representações destes adultos acerca dos usos dos textos e respetivas funções. Entre as conclusões destaca-se que, se há sujeitos que sentem necessidade de recorrer ao RVCC para desenvolverem as suas competências e se afirmarem perante a sociedade como letrados, outros há que não precisam de ver as suas práticas reconhecidas social e oficialmente para se sentirem parte integrante da cultura letrada.