Em princípios do século XVI, os Estados europeus passavam por um processo de transição de uma estrutura política feudal para um modelo centralizador absolutista. O governo português buscou aperfeiçoar seu aparelho burocrático criando órgãos e novos membros políticos que visavam auxiliar o rei na administração pública, como conselhos, tribunais, ministérios e instaurando as primeiras embaixadas permanentes em diversos territórios. Por meio de decretos, regimentos e correspondência, o rei comandava seu império graças a um moderno sistema de comunicações e transporte. Todavia, tendo a correspondência entre o embaixador e seus reis como principais fontes de análise, essa pesquisa pretende recuperar as singularidades diplomáticas de Portugal com a Cúria Romana entre 1515 e 1525. Período em que D. Miguel da Silva foi embaixador nos reinados de D. Manuel e D. João III. D. Miguel é conhecido por ser um cortesão notável da história política portuguesa, tendo construído laços afetivos com inúmeras figuras da alta hierarquia eclesiástica. Sob sua influência, diversas instâncias religiosas foram criadas e importantes cargos foram nomeados para a aristocracia lusitana.