Ao desabafar sobre uma atividade cujo foco, por insistência dos próprios jovens, acabou se deslocando para uma discussão sobre relações afetivas, Elvira, arte-educadora de Teatro, apresentou-nos um cenário social de desigualdades. Um jovem de treze anos havia declarado que, em casos de impasses entre namorados, a melhor solução era "partir para a porrada", algo que levou a educadora a aproveitar a situação para construir novas bases de convivência e fomentar relações de igualdade entre os gêneros. Assim, propôs ao jovem que, em vez de usar a violência como meio de solução do conflito, tentasse o "bom e velho diálogo". A resposta do adolescente causou-lhe espanto: "O que é isso? Como é que se faz"? Elvira narrou então a angústia diante da reação do educando: um "nó na garganta" ao imaginar o quanto a vida dele teria sido difícil. Essa possibilidade de fazer reflexivo ocasionou uma profusão de novas perguntas. Quais são os sentidos da atividade de arte e cultura? Respondê-la, requer compreender o sujeito e, mais particularmente, a zona mais profunda e fluida de seus sentidos pessoais e aquela mais estável dos significados, justamente por serem negociados e compartilhados socialmente.