A literatura (in)tende a aumentar os seus problemas. Acolhe organismos prontos a desmantelar a estrutura do significado, ou a causar desordem e mau funcionamento na disposição dos seus blocos de construção. O autor, por sua vez, supera os críticos insensíveis para, deliberada ou involuntariamente, aumentar a morbidez respiratória do insight central na sua obra. Paradoxalmente, porém, a tendência para infligir ferimentos na coerência da estrutura de significado do texto pode servir como meio de sobrevivência da obra de arte. Ou seja, a emergência de resíduos no texto personaliza o equilíbrio de poder a favor de novos desenvolvimentos e protege a obra contra a decadência e a dissipação. Da mesma forma, os artigos reunidos neste livro procuram mostrar que o criador de uma obra literária, e as palavras que a compõem, são simultaneamente os fornecedores e os destruidores da vida na/da obra. Este livro é uma coletânea de quatro artigos, três dos quais revêem o significado do espaço nas obras de Jhumpa Lahiri e Paul Auster a partir de pontos de vista culturais e linguísticos, e o último concentra-se nos conceitos de "autor e autoria" para questionar o cânone e a convenção da autoridade.