O Complexo Arquitetônico de Mafra surge como o objeto ideal para investigar as relações entre ars aedificatoria, poesia, memória, retórica, poder e política no Antigo Regime Português, durante o reinado do Magnânimo Dom João V, no período de 1706 a 1750. Para tanto nos voltamos para o corpus que denominamos, com a licença de Hart e Hicks, "Palácios de Papel", e que compreende não só as poesias ecfrásticas que comemoravam a construção da mole arquitetônica, como também os tratados arquitetônicos que orientavam o próprio ato de construir e implicavam, para o preceptista e para seu público, não apenas contemporâneo, mas também vindouro, uma possibilidade de atualização do projeto arquitetônico, pois guardam a ¿regra de ourö para que os edifícios concebidos pelo engenho do arquiteto no papel possam ser erigidos em pedra em qualquer tempo e lugar.