"Este livro tem vários méritos, mas ressaltaria pelo menos dois. Em primeiro lugar, o acerto metodológico na escolha dos dois estudos de caso. Colômbia e Brasil, dois países sul-americanos com os maiores efetivos de Forças Armadas (FFAA) e os maiores gastos em armamentos, em números absolutos, além de várias outras dimensões, como o papel das Forças Armadas de ambos os países na vida política nacional. Por outro lado, eles diferem de forma acentuada nas respectivas trajetórias históricas de ambas as instituições de defesa e diplomática. É essa diferença de trajetória que explica a distinção entre os dois no modo de articulação entre suas respectivas políticas externa e de defesa. E aí reside o segundo principal mérito da análise da autora: demonstrar como essas diferentes trajetórias institucionais impactaram na forma como se deu em ambos os casos a articulação entre os dois campos. No caso da trajetória brasileira, a separação entre a política diplomática e a política de defesa foi atenuada com a democratização, a criação de um Ministério de Defesa e, mais que tudo, o exercício de um novo papel das FFAA em funções externas, nas missões de paz da ONU. O resultado foi o compromisso mútuo entre as duas políticas. No caso colombiano, porém, o Ministério das Relações Exteriores permaneceu pouco prestigiado em sua atuação e o desvio de função das FFAA legitimou-se na defesa nacional com a ocorrência de uma verdadeira guerra civil. As últimas fortaleceram-se institucionalmente exercendo de fato atividades de política externa, em detrimento da organização diplomática."
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