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  • Format: ePub

Escrita pelo togolês Kossi Efoui no início da década de 1990, A encruzilhada verte em poesia vidas ressecadas pelo autoritarismo, vidas daqueles que, nas palavras de um dos personagens, precisaram aprender a se confundir com o cenário para poderem se manter vivos. Uma Mulher e um Poeta estão à procura de um caminho, de um futuro, onde seja possível ser alguém, não apenas sobreviver. Acontece que, na encruzilhada em que eles se encontram, não se vê nenhuma saída. Se é verdade que o Poeta vislumbrou no exílio uma nova existência, tal afastamento não lhe trouxe mais do que a possibilidade de,…mehr

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Produktbeschreibung
Escrita pelo togolês Kossi Efoui no início da década de 1990, A encruzilhada verte em poesia vidas ressecadas pelo autoritarismo, vidas daqueles que, nas palavras de um dos personagens, precisaram aprender a se confundir com o cenário para poderem se manter vivos. Uma Mulher e um Poeta estão à procura de um caminho, de um futuro, onde seja possível ser alguém, não apenas sobreviver. Acontece que, na encruzilhada em que eles se encontram, não se vê nenhuma saída. Se é verdade que o Poeta vislumbrou no exílio uma nova existência, tal afastamento não lhe trouxe mais do que a possibilidade de, outra vez, se confundir com o cenário, o que já não era mais possível em seu país natal, onde era perseguido pelas autoridades. Esses personagens - por vezes semelhantes a bonecos inanimados - ganham vida pelo sopro de um Ponto, que lhes traz a fala como quem carrega e transmite uma memória há muito silenciada. Nesse microcosmo, une-se a eles um Cana, personagem vazio de memória, que não procura caminhos pois tem "o medo no lugar da alma". A encruzilhada que pesa sobre esses personagens é também aquela à qual o autor esteve condenado enquanto vivia sob o regime togolês, que, com nova roupagem, perdura até os dias atuais. Porém, ao ser ambientada em um espaço onírico, habitado por personagens arquetípicos - Mulher, Poeta, Ponto e Cana -, a peça transcende em muito seu contexto de origem, e seu sentido se universaliza.

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Autorenporträt
Nascido em 30 de dezembro de 1962, na cidade de Anfouin, no Togo, Kossi Efoui dedica-se ao campo das artes desde jovem: é escritor de romances e crônicas, ensaísta e dramaturgo, além de ator e diretor. Em meados da década de 1980, como estudante de filosofia na Universidade de Lomé, instituição onde também desenvolveu mestrado na área, o autor integrou o movimento de oposição ao regime instaurado em 1967 pelo militar Gnassingbé Eyadéma em seu país natal. Por causa dessa atuação, precisou exilar-se na França, onde vive até hoje. Já radicado no país europeu, em 1990, Kossi Efoui escreve sua primeira peça, A encruzilhada, vencedora do 16º Concours Théâtral Interafricain. A partir daí, o autor se insere de vez no circuito cultural francês: seu texto de estreia não somente é encenado no Festival da Francofonia de Limoges como também é publicado pela revista Théâtre Sud. Suas peças seguintes, Récupérations [Recuperações], de 1992, e La Malaventure [A desventura], de 1993, compõem uma trilogia com A encruzilhada. Ao todo, Kossi Efoui é autor de nove textos teatrais. Nesse jogo de combinações, o autor costuma trabalhar em conjunto com artistas visuais e profissionais do palco (diretores, atores, figurinistas, compositores e responsáveis técnicos de diversas categorias) no decorrer de seu processo criativo, que culmina em textos cuja preocupação central é o corpo e suas representações na sociedade pós-moderna. De maneira constante, colabora com a companhia teatral francesa Théâtre Inutile. Além da atuação no campo do teatro, a experiência de Kossi Efoui como cronista se dá especialmente no jornal pan-africano Jeune Afrique. Como romancista, somam-se cinco obras publicadas, todas pelas Éditions du Seuil: La Polka [A polca] (1998); La Fabrique de cérémonies [A fábrica de cerimônias] (2001) - vencedora do Grand Prix Littéraire d'Afrique noire; Solo d'un revenant [Solo de uma assombração] (2009) - reconhecida pelas premiações Tropiques, Ahmadou-Kourouma e Prix des Cinq continents de la Francophonie; L'Ombre des choses à venir [A sombra das coisas por vir] (2011); e Cantique de l'acacia [Cantiga da acácia] (2017). Suas atividades de escrita dividem-se entre a criação e a condução de oficinas na França e fora dela, não somente em ambientes acadêmicos, mas em espaços como associações culturais, hospitais e unidades penitenciárias. A obra do autor também é bem recebida no âmbito universitário, sobretudo por estudiosos na França. Entre os trabalhos realizados sobre Efoui, destacam-se os de duas docentes da Universidade Sorbonne Nouvelle - Paris 3: Sylvie Chalaye, que organizou um número especial da revista Africultures (Le Théâtre de Kossi Efoui, une poétique du marronnage, n. 86. Paris: L'Harmattan, 2011), e Pénélope Dechaufour, autora de tese de doutorado sobre o autor pela mesma instituição.