"É o próprio ser, em suas profundezas, que alcançamos pelo desenvolvimento combinado e progressivo da ciência e da filosofia" - escreve Henri Bergson em L'évolution créatrice, célebre obra a qual lhe concedeu o Prêmio Nobel em 1928. Dando prosseguimento à egressão epistemológica da concepção artificial de tempo, Bergson recoloca a filosofia e a ciência no terreno da liberdade e da imprevisibilidade. Em sua consideração do processo evolutivo empreendida em L'évolution créatrice, o autor elabora um esboço de cosmologia concretizado em sua derradeira grande obra, Les deux sources de la morale et de la religion. Uma leitura conjunta desses estudos nos conduz a uma compreensão da função essencial do Universo e, não obstante, nela Bergson realiza o ideal metafísico de conhecimento absoluto ao associar o conhecimento obtido através da ciência àquele da filosofia, porém sem nunca se desvencilhar do essencial fio condutor fornecido pela biologia e sempre recorrendo, através do seu empirismo radical, à única possível fonte de conhecimento: a experiência. Assim, reconstituindo a formação das espécies e a própria gênese da inteligência, os ensinamentos da ciência, da arte, da filosofia e da religião são unificados e suas ocorrências demonstradas como constituintes do mesmo processo uniforme, processo este que pode ter seu objetivo inferido através de um finalismo retrospectivo, isto é, remontando à origem a partir de suas concepções ulteriores e assim constatar a unidade do Absoluto.
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