A festa em seu sentido abrangente deve ser compreendida como um texto a ser interpretado. Ao se decifrar a escrita que ela inscreve no espaço e no tempo, a festa nos permite ler, por meio dela própria, o que a sociedade diz sobre si mesma, mas na linguagem que lhe é própria, a das formas sensíveis de que é feita a arte. A festa é capaz de expressar uma ordem moral e social que evidencia hierarquias de riqueza, prestigio e poder, mas não somente. Tudo isso nos é esclarecido neste livro, que não para por aí, mas prossegue numa detida análise da comunidade de Paraty. Os autores mergulham no universo da festa, misturando-se aos seus integrantes e experienciando, eles próprios, àqueles momentos em que todos se voltam ao ritual de preparação do festejo. Abrem, assim, caminho para desvendar os códigos culturais da comunidade, presentes nos símbolos e ritos. Fazem isso não apenas pela análise do discurso, mas indo além, observando suas práticas e lançando luz sobre aqueles momentos nos quais, entre um discurso e outro, deixam-se entrever as transformações na continuidade de uma tradição em que o sagrado e o profano, o passado e o presente se encontram amalgamados. (Juçara da Silva Barbosa de Mello)
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