O vidro está gelado sob meus dedos, e posso ver meu reflexo sobreposto à escuridão lá fora - uma garota de dezenove primaveras com olhos grandes demais para seu rosto, cabelos escuros que parecem absorver a luz prateada. Mas há algo mais no reflexo, algo que me faz prender a respiração. Uma sombra que não deveria estar ali, um movimento que não é meu.
"Você sempre observa a lua assim?" A voz vem de trás de mim, suave como veludo, mas com uma força que faz meus joelhos fraquejarem. Não me viro. Não ainda. Porque sei que, quando o fizer, nada mais será como antes.
"Desde que me conheço por gente," respondo, e minha voz sai mais firme do que esperava. "A lua... ela me chama."
Um som baixo, quase um ronronar, ecoa pelo quarto. "Ela chama a todos nós," ele diz, e agora posso sentir sua presença mais próxima, como uma onda de calor em uma noite fria. "Mas você... você consegue ouvir..."
Finalmente me viro, e lá está ele. Alto, esguio, com cabelos prateados que parecem capturar e refletir a luz da lua. Seus olhos são como mercúrio líquido, brilhantes e hipnóticos. Ele não deveria estar aqui, no meu quarto, no meio da noite. Mas, de alguma forma, parece mais errado que ele não estivesse.
"Quem é você?" pergunto, mesmo sabendo que a resposta vai mudar tudo.
Ele sorri, e há algo predatório nesse sorriso, algo que deveria me fazer correr. Mas não posso. Não quero. "Meu nome não importa," ele responde, dando um passo em minha direção. "E você, Élia, é a razão pela qual estou aqui."
"Como sabe meu nome?" As palavras saem em um sussurro, e ele ri suavemente.
"Eu sei muitas coisas sobre você, Élia. Sei que sonha com lugares que nunca visitou, que ouve músicas que ninguém mais consegue ouvir. Sei que sente que não pertence a este mundo..." Ele para, seus olhos fixos nos meus. Então continua. "Porque você... realmente não pertence."
Deveria soar como loucura. Deveria fazer com que eu gritasse por ajuda, que fugisse. Mas cada palavra ressoa dentro de mim como uma verdade que sempre soube, mas nunca ousei admitir. Como peças de um quebra-cabeça finalmente se encaixando.
"O que você é?" pergunto, dando um passo em sua direção, mesmo sabendo que estou brincando com fogo.
"A pergunta certa," ele diz, estendendo uma mão em minha direção, "é o que nós somos?"
E enquanto olho para sua mão estendida, sei que estou diante de uma escolha. Posso continuar vivendo na segurança do mundo que sempre conheci, ou posso descobrir a verdade sobre quem - ou o que - realmente sou.
A lua brilha mais forte através da janela, como se também esperasse minha decisão.
Lentamente, estendi minha mão em direção à dele. Ele segurou minha mão com uma firmeza gentil, seus dedos frios contrastando com o calor que irradiava de seu olhar. Meu instinto me diz que ele é perigoso e eu sou atraída por esse sentimento!
"Algumas escolhas, afinal, já estão feitas antes mesmo de sabermos que são escolhas," ele murmurou, aproximando-se ainda mais.
Meu coração batia descompassado, uma mistura de medo e excitação percorrendo minhas veias. Ele ergueu minha mão lentamente até tocar seus lábios, e senti um arrepio percorrer minha espinha quando ele beijou suave meus dedos!
E antes que pudesse responder, seus olhos sustentam os meus, e quando ele se inclina, um fogo invisível me consome.
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