O comportamento humano é tão complexo, sofre tantos afetos biológicos, genéticos, psíquicos, ambientais, históricos e culturais, que não cabe na rigidez das evidências. Cabe, na melhor das hipóteses, em tendência, mas Carolina Pombo, em 'A Mãe e o tempo: ensaio da maternidade transitória' consegue escrever um ensaio científico tão preciso quanto se pode ser dentro desse que é o mais mítico dos universos do comportamento humano. Carolina explica o mito popular, expõe corajosamente e com propriedade o Feminismo de Estado, o Feminismo Acadêmico, reconhece a maternidade inserida numa política mainstream de comportamentos bitolados em lugar-comum, em zonas de conforto políticas, religiosas e morais. Nem por isso deixa de pontuar os bastidores da contracultura, que chega com tons biologicistas curiosamente distantes das raízes das pesquisas antropológicas, já a serviço de um mercado de consumo via mídia. Carolina Pombo traz em seu texto um olhar diversificado para as paixões ideológicas sobre a maternidade confrontando-as, ao mesmo tempo em que singulariza a visão para o que é maior diante de todos os interesses e interferências culturais: o ser humano, no caso aqui a mulher diante da criança dependente. Este livro é pioneiro na leitura dos processos contemporâneos que envolvem as consciências e inconsciências da maternidade, excelente referência literária para um debate mais transparente e profundo entre as diversas correntes que se digladiam em torno da maternagem.
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